01/12/2024

 💔 💔 💔

DESENCANTO

original de Manuel Bandeira

Eu faço versos como quem chora

De desalento… de desencanto…

Fecha o meu livro, se por agora

Não tens motivo nenhum de pranto.


Meu verso é sangue. Volúpia ardente…

Tristeza esparsa… remorso vão…

Dói-me nas veias. Amargo e quente,

Cai, gota a gota, do coração.


E nestes versos de angústia rouca,

Assim dos lábios a vida corre,

Deixando um acre sabor na boca.


— Eu faço versos como quem morre.




 💔 💔 💔


DESENCANTO

à moda de Manuel Bandeira


faço poemas como quem cora

tão desatento ao desencanto

pecha do livre que nos devora

sois emotivo e duro e pranto


poema range ruge o dente

retesa o espaço em morse vão

mas morse é morte (ninguém entende)

e quem entende não fala não


e este poema de angu na boca

assim quisera estar de porre

cantar mais livre a verdade toda


        - mas faço versos como quem corre…



 💔 💔 💔


SENILUZIIĜO

simile al Manuel Bandeira (*)


honte mi poeziumas

malzorgata seniluzi’

misvoras libero misa

trosentemon ploron umas mi


roras kaj grincas tiu poemo

spaco streĉa (nur vana kodo)

mortanta kodo nur morsa kodo 

komprenemulo silenta emo


tiu surbuŝa kaĉ' el farun'

ĉu emas poemo al ebri'?

tutan plenveron ni kantu plu


        - kuro-simila poezi'…


(*) Manuel Bandeira (1886-1968) estas brazila poeto de modernismo iel romantisma. La originalan poemon oni konsideras metapoemo, tio estas, poemo celanta priskribi la proceson mem de la beletra kreado. 


AGORA - NUNO

  


AGORA

troco chronos por kairós
e ainda fico com troco:
sou sem antes sem após
vivo agora sem sufoco

kairós é fruir o agora
sem tempo sequenciado
jogado o relógio fora
sai futuro sai passado

e habita na memória
lâmina quântica espaço
corta o fio da história

do espaço me contemplo
essa faísca ilusória
sem pressa sem tempo: templo


NUNO

anstataŭ kronos', kairos'
eĉ groŝon konservas mi:
nek antaŭe nek post'
sensufoke vivas mi  
 
kairós' - jen ĝua profit'
tempopaŝo finiĝinta 
horloĝ' fine forĵetita
onto into foririnta

nun surmemore loĝanta
kvantuma kling', spac'
histori-faden' rompanta

el spaco jen kontemplo:
jen mi iluzia spark'
sen-hasta, sentempa: templo

QUEM SOU - KIU MI ESTAS

 


QUEM SOU

Eu sou o mistério

da pergunta-resposta

que em mim cintila

 

Eu sou o mistério

da resposta provisória

a cintilar em nova pergunta

 

Eu sou o mistério provisório

do Ser eterno

que em existir cintilo

 

Eu sou o mistério

do cintilar provisório

no mar eterno

do inconsciente

emergente do Si mesmo

 

Eu sou o mistério

de não ser o eu pessoal

sendo ainda assim

o mistério da Totalidade:

o Si mesmo.

 

Eu sou mesmo

o mistério em Si mesmo. 


************* 

 

KIU MI ESTAS

Mi estas la mistero

de la demando-respondo

kiu en mi trem-brilas

 
Mi estas la mistero

de la provizora respondo

trem-brile al nova demando

 
Mi estas la 
provizora mistero

de eterna Estulo

dum ekzista trem-brilo

 
Mi estas la mistero

de la provizora trem-brilo

en la eterna maro

de la emerĝanta 

nekonscienco de Si mem

 
Mi estas la mistero

ne esti la persona mio

estante tamen la mister'

de la Tuteco: Si mem

 
Mi estas la mistero mem

en Si mem.

POEMA DO ESCREVER - POEMO DE L' VERKADO

 


POEMA DO ESCREVER

escrevo porque escuro

então clareio

escrevo porque não sei

então nomeio

escrevo porque oculto

na pele da noite

então escavo coço caço

palavra poema imagem

escrevo porque me instigas

com suas leituras

novas torturas do expressar

escrevo porque me cura

a palavra e sua lavra e procura

escrevo porque me inventa

a invenção que teço

e me aconteço

autor do meu dizer disperso

sombra sufocada em cada verso

escrevo enfim porque tô a fim

de surpreender nas possíveis leituras

por que essa libertação

me fazer mais escravo do escrever

     com a fúria do me escavar


 * * * * * * * * 

POEMO DE L' VERKADO

verkas mi pro tiu mallum’

do mi lumas

verkas mi pro nesci’

do mi nomumas

verkas mi kaŝite

sub noktohaŭt’

do mi prifosas jukas ĉasas

vorton poemon imagon

verkas mi ĉar min instigas

per via legado

al freŝa esprimtorturo

verkas mi ĉar min kuracas

la verkoserĉa kulturado 

verkas mi ĉar inventas min

mia teksa inventado

kaj jenas mi

aŭtoro de mia disa eldiro:

ombro sufokata ĉiuverse

verkas mi finfine pro la volo

surprizigi dum eblaj legadoj

la kialon de ĉi liberigo

plie min sklavigi

verki verki verki senfine

         per furioza memkavado

ALÉM DO OU - TRANSE

 


ALÉM DO OU

na vida sofro ou finalmente sopro?

a vida une ou pune?

a vida é má ou uma?

nela o que me é mais cara

o que é máscara?

que lado em mim é ódio?

quanto é pódio palco

onde represento o falso?

que lado em mim tirano

a fluidez me vai tirando

vida movimento vai tirando

impondo a estagnação?

quando enfim saio do canto

e canto o sopro da canção?

 

TRANSE

en mia viv’ ĉu sufer’ aŭ fine blovo?

vivo ĉu unuo ĉu puno?

ĉu malbono ĉu uno?

en ĝi kiom da kosto

kiom da masko?

kiu flanko jen malamo?

kiom podio scenejo

kie falsaĵo ludo?

kie ŝajna tirano, flueca forpreno

viva mova forpreno?

ĉu stagno sintruda?

kiam mi elangulos

kaj kantos kantoblovon?

IMPRESENÇA / MALĈEESTO

 


mesmo escavado o verso
mesmo o reverso escovado
mesmo o fio do universo
mesmo tendo-me esquivado

mesmo me achando perverso
e não me dando por achado
mesmo que fosse o inverso
mesmo que nem tão inchado

mesmo que toque meu centro
mesmo deixado de fora
mesmo quando mais dentro

mesmo até se fui embora
mesmo quando me concentro
mesmo aqui sou sem agora!

************

eĉ se kaviĝinta la verso,
eĉ se dorsefrapite,
eĉ se faden'-universo,
eĉ se iele eskapinte,

eĉ se ulo perversa,
eĉ sen kapitulaci’,
eĉ se estus inversa,
eĉ sen inflamo sur mi,

eĉ se la centro tuŝita,
eĉ mem se forlasita,
eĉ mem en hejma kor’

eĉ se irinta for,
eĉ se absorbita,

ĉi sen nun – jen mia kor’!

NA CONTRAMÃO - KONTRAŬFLUE

 



neste canto que alegrias minto?
minto muito ao dizer que só foi pranto?
em que canto ficou tudo o que sinto?
em que poema se perdeu meu canto?

que fica do poeta sem o encanto?
é poesia gota de alma inquieta
sempre perplexa com o próprio espanto?
sem mais perguntas não se tem poeta...

e me pergunto onde estarão as minhas?
e me interrogo alheio assim disperso
escondem-se em que parte destas linhas?
por que sumiram deste pobre verso?

poema lembra a dor da bailarina
a dor da perfeição e do exercício?
a poesia é sempre a dor mais fina
descobrir-se o poeta... fictício?

e embora se sabendo ficção
só sabe mesmo é que de nada sabe
sabe que vai seguir na contramão
dessa ruuua... finita                             
que não quer que acabe

*****************
kiun ĝojon mi kante ja mensogas,
remensogas dirante ho nur plor'?
en kiu kanto, mia tuta sent'?
en kiu poem’ perdiĝis mia kant’?

sen sia ĉarmo, kien la poet’?
malkviete gutas poezi’,
ĉiam perpleksa pri l’ mirego en si?
sen plu demandoj, kien la poet'?

kien vi, demandoj miaj? mi scivolas,
fremde, diseme, rescivolas mi.
sublinie? kie kaŝite vi ire foras?
kial el povra verso fuĝas ci?

poemo, la dolor' de l' dancistin',
ĉu dolor' de l' ekzerca perfektec’?
poezi’, ĉu dolor’ la plej maldika?
ĉu poeto fikcio taksas sin!

kvankam sciante sin fikci'
nur scias li, ke nenion li scias,
sekvos ja kontraŭflue, scias li,
per finiĝanta strato 
neniel tamen fine finu ĝi...

ĈU POEZIO NECESAS - POESIA É NECESSÁRIA

 








Resultado de imagem para poesia necessária
Ĉu poezio necesas, tion diru leganto,
Resultado de imagem para poesia necessáriane la poeto, ĉar vanto malbona elekto
Poeto pri sia teksto ne pretekstu
esti mistero: vere plurdimensia
nia Esto estas ni, nesto, kesto, koro poezia.

Resultado de imagem para poesia necessária
Ĉu poezio necesas diru Poezio mem
ne la poeto, tiu sekreto ŝajnas
sfinksa dilemo: deĉifru min
aŭ vin mi voros - la kreemo
de l’ poeto ŝvitas tra ĉiuj poroj,
ŝajnas silenta krio, ŝajnas ia senfin’. Ĉu poezio necesas? temposparke
kvazaŭ onia fuŝo ĉesas jes ĝi tro necesas!
- El kie poemo venas ja Poezio plenas!

***************

Poesia é necessária? diga o leitor,
Resultado de imagem para poesia necessárianão o poeta vaidade má escolha
poeta sobre seu texto sem pretexto
de ser mistério multidimensional sim
nosso Ser ninho cesto coração da poesia
Resultado de imagem para poesia necessária

poesia necessária? diga a poesia mesma
não o poeta tal segredo
eis dilema de esfinge me decifre
ou te devoro - a criatividade do poeta
sua por todos os poros
grito silencioso algo sem fim poesia necessária? num átimo
como sumisse a balbúrdia sim necessária demais!
de onde o poema vem
poesia é plenitude!

CHAMA TRINA / TRINO FLAMO

  CHAMA TRINA Inspiro Luz, retenho Vida, exalo Amor! Inspiro oito, retenho oito, exalo oito, Sempre que d'Isso me lembrar Reluz ...